De entre tudo o que mais valorizamos em Santa Cristina, está a Natureza. Para nós, é uma riqueza inestimável e essa valorização está latente em tudo o que fazemos: está no cuidado das técnicas de cultivo orgânicas e tradicionais – muitas vezes à força de braços em detrimento de máquinas, como fariam os nossos bisavós – usadas na quinta, está no conceito de sustentabilidade que regeu a concepção e gestão da Casa de Campo, está na forma como gerimos a mata e vegetação circundante, sempre procurando a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas.
A profunda marca das actividades agrícolas e silvícolas, além da extracção de pedra, que traçaram a história desta região perfila também as espécies que aqui se desenvolvem. A água farta que corre na encosta e que desde sempre foi canalizada pelas necessidades e saberes de gentes que trabalha a terra é fonte de vida para fungos, plantas e animais que pululam em todos os nichos e recuperam no tempo caminhos e espaços antes gastos pelo Homem.
É impossível enumerar representativamente as espécies que povoam toda a área de Santa Cristina ou que dela são assíduos visitantes, pois tal feito seria moroso e difícil. Mais que tudo, queremos deixar o convite à descoberta. Percorra os caminhos de sentidos apurados e tente escrutinar insectos, aves, répteis, anfíbios ou pequenos mamíferos que tentam escapar ao olhar pouco atento. Ou então fique simplesmente em silêncio no jardim, na mata ou na quinta e identifique, deliciado, as melodias cuidadas e trinados intrincados de aves fortuitas ou vislumbre os discretos habitantes do solo e moradores de abrigos em rochas e troncos caídos.
Se estiver repousado na sala, embrenhado em leituras ou a actualizar o seu sono, não se assuste se despertar com um tique na vidraça: talvez uma alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea) tenha confundido o reflexo com um rival. Também não estranhe se acordar cedo com o som de alarme do melro (Turdus merula) ou se, durante a tarde, ouvir alguém que bate em madeira, pois o peto-real (Picus viridis) poderá estar a construir o ninho num tronco. Por vezes, poderá ter a visita de um rabirruivo (Phoenicurus ochruros), que rabeia por ali em busca de alimento.
Ao lado da Casa de Campo, no grande tanque de pedra que o lodo coloriu, um condomínio de rãs (Rana sp) forma coro entre voos de libélulas (Libellula sp) e outros insectos aquáticos.
Durante as suas caminhadas pela quinta, pode encontrar pequenas carriças (Troglodytes troglodytes) vivazes que sobem ágeis nos troncos de marmeleiros (Cydonia oblonga), piscos-de-peito-ruivo (Erythacus rubecula) que se agitam em vinhas (Vitis sp) ou pardais (Passer domesticus) que se debatem em voo e gaios (Garrulus glandaryus) que fogem à sua aproximação.
Pinheiros-bravos (Pinus pinaster), salgueiros (Salix sp), choupos (Populus sp), sobreiros (Quercus suber), carvalhos (Quercus robur) e árvores de fruto como laranjeiras (Citrus sinensis), limoeiros (Citrus limon), cerejeiras (Prunus avium), abrunheiros (Prunus spinosa), oliveiras (Olea europaea) ou medronheiros (Arbutus unedo) silvestres compõem a flora local, pintada entre espécies arbustivas como urze (Erica sp), tojo (Ulex europaeus), giestas (Spartium junceum) e inúmeras herbáceas representantes de Famílias como as Liliáceas, gramíneas ou compostas.
Se gostar de passear ou fotografar à noite, deixe-se embalar pelo silêncio, apenas rompido pelo voo de morcegos. Deixe-se assustar pelo voo inesperado de um mocho ou uma coruja em caça de pequenos roedores. De dia, depare-se com pequenos répteis que aquecem ao sol, numa rocha exposta. Há mil e um animais. Milhares de plantas. Venha descobri-los quando e como gostar. Teremos todo o prazer de publicar a sua experiência e em partilhar as suas imagens – é um desafio!